O uso da tecnologia se tornou algo corriqueiro, mas precisa ser comedido principalmente quando se trata das crianças.
O desenvolvimento infantil é um processo bastante complexo e cada fase precisa ser compreendida. Ao longo dos primeiros anos de vida, a criança passa por importantes conquistas, como o controle motor, a linguagem e as interações sociais.
Nesse período, é preciso compreender como o uso da tecnologia impacta o desenvolvimento tanto positiva quanto negativamente.
O uso da tecnologia faz parte do nosso cotidiano. De acordo com os estudos publicados por Balbani e Krawczyk (2011), os autores mostram que crianças que usam aparelhos de telefone celular com frequência tendem a absorver mais radiação, que pode causar problemas de memória e atenção devido à imaturidade do sistema nervoso central.
Para saber mais sobre os impactos da tecnologia no desenvolvimento infantil, leia este artigo completo.
Um fato comum é observar crianças bem pequenas movendo seus dedinho sobre a tela de um aparelho eletrônico (celular, tablet, etc.). Quando essa tecnologia é utilizada da maneira adequada, pode ser uma excelente ferramenta para o desenvolvimento da criança. Existem vários aplicativos educacionais e jogos que estimulam o aprendizado e podem auxiliar na aquisição de novas habilidades de forma divertida.
Tecnologia e desenvolvimento podem ser aliados desde que seja supervisionado e controlado. Nesse caso, as crianças poderão se beneficiar aprendendo a resolver problemas, desenvolvendo a coordenação motora fina, além de explorar novos conhecimentos por meio de conteúdos específicos.
No entanto, tudo que é usado em excesso, pode ser prejudicial.
Leia também: Dia da infância e Abordagem Pikler: um compromisso com o desenvolvimento infantil
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode levar ao isolamento e dificuldades em desenvolver habilidades como comunicação e empatia. Além disso, os equipamentos também podem prejudicar a qualidade do sono, que é essencial para o processo de fixação da aprendizagem e memória.
Segundo estudos, o uso frequente de tecnologia pode afetar negativamente a capacidade da criança se concentrar, dificultando a aprendizagem. Além de prejudicar o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais (Newmann e Missel, 2019).
A exposição constante a dispositivos eletrônicos pode limitar a capacidade da criança em se envolver com atividades criativas e lúdicas. Essas atividades são fundamentais para que as crianças desenvolvam as áreas da cognição e social.
Segundo Fernandes (2018), o brincar está diretamente relacionado com a aprendizagem. O brinquedo cria oportunidades de usar a criatividade, socializar, aumentar a concentração e a atenção, além de ser fundamental para a saúde emocional e física. Dessa forma, a brincadeira e os brinquedos contribuem para o desenvolvimento integral da criança, permitindo que se torne um adulto autônomo e independente.
Além dos citados acima, outras formas prejudiciais resultam do uso excessivo da tecnologia para as crianças, como: problemas de sono, de alimentação, interação social, familiar, cyberbullying, entre outros.
Leia também: A crise de saúde mental entre jovens e crianças
Em pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará e pela Universidade de Harvard aponta o prejuízo que o excesso de exposição a dispositivos eletrônicos causa nos primeiros anos de vida.
Dentre as mais de 3.000 crianças acompanhadas desde o nascimento pelo cientistas, 69%, em média, foram expostas a um tempo excessivo de tela.
Esses cientistas acompanharam os bebês até completarem 5 anos de idade. No primeiro ano de vida, mais de 41% dos recém-nascidos já tiveram acesso a estímulos visuais além da medida. Essa porcentagem aumentou, chegando a 85% quando as crianças atingiram 4 e 5 anos de idade.
Como resultado, a pesquisa mostrou que cada hora de uso desses dispositivos eletrônicos diminuiu significativamente a capacidade de comunicação, resolução de problemas e sociabilidade entre os pequenos.
Os autores concluíram que “O excesso de tempo de exposição à tela foi altamente prevalente e independentemente associado aos piores resultados de desenvolvimento entre crianças menores de 5 anos de idade no Ceará, Brasil.”
Leia também: Professor, você sabe como incentivar a prática de esporte em época de tecnologia?
Há algumas estratégias que podem ser eficazes para ajudar pais, tutores, professores e cuidadores a fim de que a tecnologia seja usada de forma benéfica para as crianças:
É fundamental que as crianças tenham tempo de qualidade, equilibrando entre o uso dos dispositivos eletrônicos e outras atividades. Brincadeiras ao ar livre, jogos, leituras são essenciais para um pleno desenvolvimento físico, cognitivo e social.
Em suma, a tecnologia desempenha um papel ambivalente no desenvolvimento infantil, oferecendo tanto oportunidades quanto desafios. Por outro lado, ferramentas digitais e plataformas educativas podem enriquecer o aprendizado, estimulando a criatividade e a interação social entre as crianças.
A acessibilidade a informações e recursos online proporcionam um ambiente de aprendizado dinâmico, em que as crianças podem explorar novos conceitos de forma interativa e envolvente.
No entanto, é fundamental que pais, tutores e educadores estejam atentos ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos, que podem levar a problemas como a diminuição da atividade física, dificuldades de socialização e impactos na saúde mental.
Assim, o equilíbrio é essencial. Promover um uso consciente da tecnologia, aliado a atividades físicas e interações pessoais, é crucial para garantir que as crianças se beneficiem das inovações digitais sem comprometer seu bem-estar.
Ao integrar a tecnologia de maneira saudável em suas rotinas, podemos cultivar uma geração mais informada e preparada para os desafios do futuro, garantindo que o desenvolvimento infantil ocorra de forma integral e equilibrada. Portanto, cabe a nós, como sociedade, moldar um ambiente onde a tecnologia seja uma aliada no crescimento das crianças, respeitando sempre suas necessidades emocionais e sociais.
Fale conosco agora pelo WhatsApp