Lesões no CrossFit® Competitivo: Um Olhar Epidemiológico e Fatores de Risco
O CrossFit® atrai milhões de praticantes pela sua dinâmica, desafio e resultados. No entanto, a combinação de alta intensidade, movimentos complexos e volume de treino, especialmente no cenário competitivo, levanta questões importantes sobre o risco de lesões musculoesqueléticas. Entender a epidemiologia dessas lesões – quem se lesiona mais, onde e por quê – é fundamental para profissionais da Medicina Esportiva que buscam prevenir, diagnosticar e tratar esses atletas.
Um estudo transversal realizado com atletas de competição de CrossFit no Brasil (Purim et al., 2024), publicado na Revista Brasileira de Ortopedia, nos fornece um panorama valioso sobre a frequência e as características dessas lesões. Vamos analisar os principais achados e suas implicações práticas.
O estudo, realizado com atletas adultos participantes de uma competição em 2017, revelou dados importantes:
Conhecer as lesões mais frequentes ajuda no diagnóstico diferencial e na prevenção:
Essa tríade (ombro-coluna-joelho) é frequentemente citada na literatura sobre lesões no CrossFit e merece atenção especial na avaliação e acompanhamento desses atletas.
O estudo analisou diversas variáveis, mas uma se destacou como significativamente associada à ocorrência de lesões:
Esses dados epidemiológicos oferecem insights valiosos para a prática:
Anamnese Detalhada: Investigar histórico de lesões prévias é crucial, dado o risco de recidiva.
Foco nos Pontos Críticos: Dedicar atenção especial à avaliação e prevenção de lesões no complexo do ombro, coluna lombar e joelhos.
Gerenciamento da Carga de Treino: Orientar atletas e treinadores sobre os riscos associados a sessões de treino excessivamente longas.
Ênfase na Técnica: Reforçar a importância da execução correta dos movimentos, especialmente sob fadiga, que pode ser exacerbada em treinos mais longos.
Acompanhamento Profissional: Embora a maioria dos atletas no estudo tivesse acompanhamento (75,8%), garantir que este seja qualificado e aborde a prevenção e a gestão da carga de treino é essencial.
O CrossFit competitivo, embora eficaz para o desenvolvimento físico, apresenta um risco considerável de lesões musculoesqueléticas, afetando quase metade dos atletas no estudo analisado. Ombro, coluna e joelho são as áreas mais vulneráveis, e as inflamações são o tipo de lesão predominante. O fator de risco mais significativo identificado foi a duração prolongada das sessões de treino. Para os profissionais da Medicina Esportiva, esses dados reforçam a necessidade de uma abordagem preventiva focada no gerenciamento da carga de treinamento (especialmente a duração), na otimização da técnica e na reabilitação completa de lesões prévias.
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