Uma das maiores discussões que existem é em relação à quantidade de proteínas que deve compor uma boa dieta. Essa não é uma questão tão simples ou apenas matemática. Ela depende diretamente do nível de atividade física do indivíduo e de sua composição corporal. De acordo com dados da International Society of Sports Nutrition (Jäger et al., 2017), temos a seguinte recomendação:
- Sedentários: 0,8 a 1,2 g/kg/dia;
- Pessoas fisicamente ativas: 1,4 a 2,0 g/kg/dia;
- Atletas de força: 2,0 a 3,0 g/kg/dia ou até mais que 3,0.
Essa atualização nas recomendações quebra diversos paradigmas, uma vez que quantidades altas de proteínas sempre foram relacionadas a problemas de saúde, especialmente nos rins. Uma meta-análise de Devries et al. (2018) corrobora essa atualização. Os pesquisadores demonstram que, associada ao treino de força, uma maior ingestão de proteínas, de acordo com o nível de treinamento, auxilia na hipertrofia muscular e pode preservar a massa muscular durante um processo de emagrecimento. Durante a perda de peso, a dieta hiperproteica ajuda a dar saciedade, resultando em menor ingestão calórica e em aumento do efeito térmico dos alimentos e do gasto energético.
Considerando a prevalência de obesidade e sobrepeso no mundo, a dieta com alta proteína parece ser vantajosa. Apesar desses benefícios da alta ingestão de proteínas, essa dieta tem sido desencorajada em razão dos seus potenciais efeitos deletérios para os rins, principalmente em relação à taxa de filtração glomerular. Talvez não seja interessante manter essa dieta por um período extremamente elevado, mas os resultados desse estudo sugerem um efeito inexistente ou mínimo do alto consumo de proteína em indivíduos com função renal normal.
Esses achados vão ao encontro das declarações da OMS e do Instituto de Medicina sobre a ingestão de proteínas e a função renal. Não há evidências de que a alta ingestão de proteínas leve, de alguma forma, ao declínio da função renal em pessoas saudáveis ou em pessoas com maior propensão à redução da função renal, como diabéticos tipo 2.
Pelas vantagens em ingerir alta quantidade de proteína, como hipertrofia muscular e redução de gordura corporal, a descoberta de que uma dieta desse tipo não afeta negativamente a função renal é bastante relevante.